O Curso de Capacitação e Treinamento no Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, realizado pelo Ministério Público do Estado do Pará, começou ontem com a divulgação de um dado espantoso. Segundo o procurador geral de Justiça em exercício, Jorge de Mendonça Rocha, o País perde por ano cerca de 350 bilhões de dólares por causa da improbidade administrativa e da corrupção. Escândalos envolvendo desvio de dinheiro público surgem em todos os cantos do Brasil.
No Pará, o curso promovido pelo MP surge justamente no momento em que ainda se presencia um dos casos mais emblemáticos: a participação de servidores e ex-parlamentares em processos fraudulentos na Assembleia Legislativa. "Ele (o evento) não foi motivado por esse caso, porque foi pensado antes. Mas veio em boa hora, a partir do momento em que se verifica uma devassa sendo constituída em um Poder Legislativo. Os membros do Geproc (Grupo de Prevenção e Repreensão ao Crime Organizado) terão ampla oportunidade de oferecer mais qualidade aos seus serviços de investigação", declarou o promotor Benedito Wilson Sá, diretor do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público e coordenador do evento.
De acordo com o promotor, o órgão, que funciona como repressor da criminalidade, sempre teve acentuada dificuldade em combater a corrupção e lavagem de dinheiro e, por isso, percebeu a necessidade de realizar o treinamento, que é direcionado aos membros do MP, da Polícia Civil, do Poder Judiciário, da Receita Federal e da Receita Estadual.
"Nós temos crimes com sangue e crimes sem sangue. A corrupção é um crime sem sangue, mas tem um resultado nefasto à sociedade pois, com a retirada de recursos, o Poder Público fica limitado ou impedido de investir em áreas como educação e saúde. Se há pessoas morrendo nas filas dos hospitais e se possuímos uma educação de péssima qualidade, se deve, em partes, à corrupção verificada no Brasil. Nós não queremos, a partir desse curso, apenas se contentar com a perda da liberdade do criminoso, mas sim buscar de forma mais intensa a recuperação total do ativo desviado", enfatizou Benedito.
Na manhã de ontem, o tema debatido foi "Recuperação de Ativos como Instrumento de Combate ao Crime", ministrado pelo palestrante Ricardo Andrade Saadi, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. "Pior que o crime organizado é o agente público que desvia recursos. Por isso, tem que haver um combate ao crime organizado com mais eficiência", declarou.
Hoje, o treinamento segue abordando assuntos como "Aspectos processuais da lavagem de dinheiro", "Aspectos da corrupção, prevenção e combate" e "Análise e Identificação de Movimentações Financeiras Suspeitas". O curso acaba às 16h de sexta-feira, com o tema "Delitos Cibernéticos"
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